terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Experiência terrível (parteII)

Texto de António Sousa Leite:

As indivíduas principiaram a rir-se quando nos avistaram, ao longe, por nos verem usando um Uniforme, por termos aquele vício tão anti-plebeu de querer ser alguém na vida. Não discerni de início o horror das suas faces e vestes, já que esta gente faz grande uso das hormonas para a identificação dos outros ambulantes seres que pairam neste mundo, capacidade essa que é reprimida pelo raciocínio, o que fez com que nos escolhessem para suas presas muito antes de nós adivinharmos o perigo que se avizinhava. Assim, de início, pensei que estavam a gozar com a minha cara, mas vim rapidamente a perceber que apenas tinham inveja de alguém a quem a sorte mais riu, que se manifestava por esta manifestação que mesmo as próprias criaturas poderiam ter confundido com gozo.

Depois desta fase, veio o pior: as indivíduas depois de longo raciocínio, sentiram cheiro a dinheiro tendo, e confesso, muito tristemente, que esta é a mais pura das verdades, portanto, tentado as ditas indivíduas assediar-nos. Sim! e repito: fui assediado por um bando de peixeiras. Mantendo a dignidade, escusei-me a comentários e continuei a fazer o que estava a fazer, até que, na altura de me retirar, pensando que já haviam desistido os abutres de me tentar esquartejar, eis que se nos atiram ferozmente, resistindo nós heroicamente. E foi então: “O mostrengo(…)/Na noite de breu ergueu-se a voar/(…)/E disse”-me: “Anda cá se és homem”.
“Três vezes do leme as mãos ergueu[i],/Três vezes ao leme as reprendeu[i],/ E disse no fim de tremer três vezes”: “Eu sou um senhor, minha p***”. Sei que não deveria ter descido tão baixo na linguagem, mas tal foi compensado pela dignidade com que proferi tais palavras e pelo género de gente que me ouvia, que não me iria entender se eu lhes falasse como a qualquer ser civilizado. Tudo sem subir o tom de voz, sem grandes gestos, sem sequer me virar para lhes olhar nos olhos, o que me iria causar cegueira precoce.

Pois duas pessoas às quais eu nunca desejaria tanta maldade, não tiveram a mesma sorte, a mesma inspiração poética no momento certo: foram esperados pelas hienas à porta de uma loja na qual tinham entrado, tendo sido massacrados até um deles se ver obrigado a revelar-lhes o número de telefone do outro, pensando que assim, pelo menos o primeiro, se livraria finalmente das bestas às quais o tinham abandonado. Mas nada: foram perseguidos até ao estabelecimento de ensino no qual todos estudamos, revelando talvez alguma cobardia em trotar, mas explicável pela situação: quem ousará dizer que não tentaria escapar-se da mesma forma de tamanho mal? Aí, todos acorremos em seu auxílio, tentando aguentar os seus ensurdecedores berros, naquele timbre estridente de voz que tão bem as caracteriza, capaz de atordoar até um surdo, de alto e esganiçado que é, estando actualmente as feras já domadas, embora em esperança de criação, para se livrarem (pensam elas) para sempre dos seus problemas financeiros.

Não percebo como houve gente, em tempos idos, com coragem para criar bastardos de criaturas semelhantes a estas. Eu teria nojo, mas tal aconteceu. Já é tempo de elas se acostumarem a que feias e boas parideiras apenas se querem as éguas de criação e, ainda assim, de boa linhagem, para haver garantias de uma descendência com qualidade. Mas que querem, a plebe é mesmo e cada vez mais assim, próxima dos animais, pensando apenas em fazer o melhor uso da época do cio, tentando livrar-se dos problemas sem esforço, com a única perspectiva de futuro de ter a barriga cheia, ainda que apenas de pão.

3 comentários:

Anónimo disse...

tenho pena de dizer isto, mas eu fui um dos atacados!!essas hienas nao podem continuar na nossa sociedade!!
por isso digo e repito morte a plebe,essas p***s que so pensam em dinheiro de quem as olha de cima!!
continuem mas por favor ponham ai a fotografia delas!!!
abraço

Anónimo disse...

pois, é verdade mas eu era o outro atacado! tens razão leite, elas eram mesmo umas asquerosas mas não param de mandar mensagens!!
o texto ta lindo continuem.
abraço

Anónimo disse...

Leite, nao sabia que eras tao genial lool.. Tenho saudades desse Colegio de nivel.. Juntei-me a eles.. Perdoieim-me :'( .. ate ja escrevo como eles..